quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Quando tiro meu diploma de flamenco?

Nesses últimos dias deixei somarem-se os anos de estudo do flamenco à paixão pelo mesmo, e m busca de algum certo resultado. Sortuda eu, porque encontrei parcerias - e quem se aventura em qualquer ofício flamenco em terras alheias à espanhola sabe o quanto isso é difícil. É difícil por vários fatores. Claro que o mais preponderante é a escassez de admiradores/praticantes desta arte, mas uma vez aficcionado, o medo de fazê-la é ainda algo considerável. Vi muito disso por aqui, medo de se apropriar de fato do que é seu de certa forma. Ora, acredito que o flamenco torna algo seu, caso o tenha estudado/praticado durante um bom tempo. Por que não? Não que o sucesso seja garantido só pela carga horária, não não. Com os flamencos in locco, recebe-se um diploma desde niño, a criança filha do guitarrista, neta do cantaor ou sobrinha da bailaora é realmente uma flamenquita a priori. Ou então, para os flamencos a posteriori, algumas noitadas com boas colaborações em juergas de tablaos são suficientes para se ter o certificado de flamencura reforçado. Mas e nós, solitários flamencos do mundo afora? Muitas vezes é difícil se autograduar em flamenquice, sendo o flamenco algo tão complexo e difícil de ser executado. É como o medo da metrópole, nós aqui olhando pra cima e vendo em hemisfério superior os chefes, "nunca faremos parte do clã, de verdade, pra valer". Aí alguns flamencos daqui negarão tal observação mas é o que acontece, nem que seja - sobretudo - inconscientemente. A um determinado momento o bom senso deve dar as mãos à uma certa coragenzinha e perceber/aceitar que você é um flamenco, mesmo que dance horrivelmente, cante desastrozamente e não saiba fazer nem a guitarra tapada, mas tenha o flamenco dentro de si, estória de capacidade de detectar duendes por aí. Muito feliz, como há uns anos quando montava minhas coreografiazinhas, empolgadíssima tento trazer-nos eu e mais dois novatos para o turbilhão de notas, sons, cantos, alegrías e deleites do flamenco.

Um comentário:

ipaco disse...

Lindo, Aurorinha, lindo. Essa sua relação com a dança, com o Flamenco, é emocionante