domingo, 10 de maio de 2009

"Coisas" do TOC

Belo Domingo, a cabeça tá mais leve. Salva a tempo por um e-mail bondoso de uma amiga bacana-bacalhoa, time to go back to life. O ânimo que impreterívelmente tinha que voltar voltou, benditos sejam os bacalhais deste planeta. Acontece que boa parte deste ânimo resurgiu das cinzas por causa da brecha das minhas manias toquianas, as minhas coisas dos TOCs. Elas se acalmaram - graças a Deus. O que me perturba cotidianamente são as coisas materiais. Meu TOC não se agarra (tanto) a passos e jeitos e falas, o que pega (literalmente) nos nervos são as COISAS. Aaaaaaaaaai as coisas, é tanta coisa, é coisa pra lá, coisa pra cá, coisa inútil caindo, coisa útil escondida e torta. Muito torta, grosseiramente torta! Toda essa desorganização das coisas chega a me impedir de fazer algo, sem antes corrigí-las. E mesmo corrigindo aquela revista tortíssima na prateleira adjacente ao caixa, no supermercado, vai sempre surgir mais uma tortice que vai me perturbar, portanto tenho que me saciar de simetria com aquela destortice mesmo, então aproveito ao máximo a sensação de endireitar algo. Hey, se não tenha percebido, você está agora na exata mesma posição que a de um psicanalista hein. Pruveita! (Ou não). Acho que se eu estivesse vivendo numa época em que tudo fosse mais racionado, e não tivesse esse tanto gigantesco de coisas sendo produzido a cada segundo, sendo elas maioria inúteis e imprestáveis, esse TOC do caralho seria bem menor, ou talvez nem existisse em mim. É que é taaaaaaaaaanta coisa inútil, ocupando espaço e poluindo a vista e o ar, impedindo passagens, caindo e sujando os caminhos nossos! Como tenho esperança quando se fala em reciclagem, REduzir, REutilizar, REciclar! Não dá, é coisa demais já e não demora pra sermos engolidos por elas! Fábrica com trabalho quase escravo pra fazer chaveirinho? Affff, enlouquece. Ao mesmo tempo que as coisas se tornaram mais - ou tanto - importantes que o próprio Homem (humanização da coisa), elas perderam seu valor de uso, tendo só um valor de troca, e mesmo assim, as vezes nem este é justamente dado a elas. Então é assim, compram coisas e coisas que estragam e que nem chegaram a cumprir alguma utilidade, vão sendo empurradas nos lixões, nos passeios, no nosso caminho. E como já foram embora tem de se comprar mais, tem que comprar, comprar, comprar e não usar - muito menos guardá-las cuidadosamente e organizadamente. É tão bonito quando um objeto tem uma história, uma simbologia, alguma razão pra ele estar ali à nossa vista, algum SENTIDO. Mas enfim, pela exaustão percebi que não tenho como gerenciar o lixo desastrosamente mal organizado de todas as esquinas, nem as coisas incoerentes que as pessoas vão acumulando acidentalmente, enfim, não dá para exigir as relações simétricas, paralelas, perpendiculares e circulares entre as coisas, senão não vivo! E de todo, me resta manter domínio sobre as MINHAS coisas (que já são consideravelmente organizadas), trabalhar com dinamismo para que um dia, psicóloga, esteja analisando e ajudando um paciente a desgarrar-se das coisas poucas E organizadas que um dia o Mundo aprenderá a ter.

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