Fico estupefata quando tenho a bênção de conseguir perceber o quanto a música é meio de comunicação - SIM. Está pendente terminar de ler "Música, Cérebro e Êxtase - Como a música captura nossa imaginação" de Robert Jourdain, e bem por isso não vou tentar fazer disto um texto dissertativo com toda a ciência que ele pode conter, aqui é só o depoimento de uma aspirante a cantaora. [Caracoles, escrever isto foi corajoso, porque cantaor(a) é uma qualificação muito poderosa, e lido com ela como se estivesse lidando com as cordas vocais de Montse Cortés. Mas acho que já não é mais o caso, de ficar usando falsas modéstias para esconder fatos. Com absoluta certeza, minha técnica (se posso chamar de técnica) é defeituosa, mas não vejo porque esconder que percorro com duende as notas aprendidas nas tantas melodias flamencas que já tive a graça de ouvir.] Me impressionei, ainda, esses dias, de ver como que a música - e beeeem mais especificamente falando, o cante flamenco - é um pedido de socorro ou um agradecimento. Como que não soltar aquelas notas em certas horas é tal como ser asfixiada, ficam presas ali colidindo, fazendo pressão, com a energia cinética que só elas têm. É claro que todo canto tem esta força comunicativa, mas o cante flamenco é mais. O cante flamenco tem mais interação do que todos os cantos, afirmo sem medo de tal afirmação. E aí quem sabe de flamenco vai concordar, mas a estória é que para conseguirmos concordar com tal afirmação nos é preciso conhecer - e ainda, sacar - o Flamenco, e isso leva um tempinho. Então os apaixonados por outros também esplêndidos cantos e gêneros musicias vão se indignar com a afirmação, mas deixo. É o que minh'alma sente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário