Decidi vir a um espaço verde e calmo da cidade, lugar que já, em uma vez, me serviu como tranquilizador. Lugar onde pufff, parece que o Mundo finalmente nos libera de sua insistência e densidade altas e irritantes. É a procura pela cura, que leva um corpo e uma mente com exaustiva deficiência, desvigorados e encurralados a tomar alguma atitude destas. É quando a mente já está confusa demais, e está tão tonta e desorientada que se vê presa em um labirinto que seus caminhos foram traçando. E o corpo só quer uma coisa: dormir, dormir e dormir. Dormir faz as coisas se acalmarem, dormir me leva a um estado de tranquilidade onde a minha cabeça finalmente pára de brigar consigo mesma e é minha amiga. Corpo e cabeça são amigos e andam de mãos dadas para ajudar o coração, dorme meu bem que assim estamos todos a salvo. A protagonista causadora disso tudo é a cabeça. Não digo mente porque as dores encefálicas que provêm da mente pra mim são tão crânio que a imagem figurativa de mente não fas jus à potência desta coisa que domina - e que pesa tanto no corpo. Com a noção de que preciso tirar o peso do pescoço, saio de uma terça-feira sonâmbula para uma quarta-feira reestruturadora, reorganizadora e revitalizadora da mente - e cabeça. É um plano de emergência: é um ritual, uma meditação que tenho que fazer, senão não consigo ir para frente. Me conheço aos meus TOCs. É fugir dos lugares que por fazerem parte da rotina se tornam armadilhas que levam ao empacamento. De "empacar" mesmo, lá as coisas empacam. É como querer ouvir a opinião de alguém de fora da situação, é me distanciar pra me salvar. Conceitos e definições básicas: onde nascestes, onde vivestes, de quem és filha, o que podes ser, o que queres ser. E como vais fazer? Como? A sonolência da tarde me puxa para o centro da Terra e para o centro de mim mesma, fazendo com que seja tentador largar papel e caneta e aprofundar-me em mim, com os olhos fechados e mente parada. Mas não posso, afinal o quê me trouxe até aqui foi a necessidade de cogitar. É alguém que antes de dormir precisa ver se não tem nenhum monstro embaixo da cama, e pegar um copo d'água. E nesta analogia "dormir" tem sentido oposto na realidade: preciso ver se não tem nenhum monstro embaixo da cama para que possa sair de casa e deixar meu gato dormir sobre ela, pois sei que estará, então, fora de perigo. É a base que dá possibilidade para a ação. Não sei se todas as pessoas precisam desta base para suas ações, acho que simplesmente vão fazendo. Mas eu não consigo, meu distante grau de parentesco com robôs não me permite tal automaticidade. Pois é então essa visão panorâmica da minha vida, depois deste texto, e ainda em seguida um plano de gestão que me trarão de volta à vida. Acrescentada. Em meio aos tantos pássaros e bichos, me torno eu mesma bicho observador que analisa os arabescos humanos meus e quando conseguir colocá-los em posição simétrica volta a humanizar-se.
Um comentário:
Blog muito bacana, idéias bem realizadas. Estou cada vez mais apaixonado e surpreendido pela obra inventiva, inspirada e sutil de seu pai. Abraço. Estéfani
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